A radiação infravermelha foi descoberta pelo astrônomo William Herschel, em 1800. Natural de Hanover, Alemanha, Herschel foi o primeiro a provar que existiam radiações além do espectro visível. Contudo, somente no século XX que houve sua utilização em fotografia, com a possibilidade de estender a sensibilidade do filme fotográfico para o infravermelho. Apesar das emulsões de infrared não estarem disponíveis comercialmente até os anos 30, o cientista norte-americano Robert Wood foi o primeiro a publicar fotografias de paisagens utilizando essa técnica, tiradas em 1910. No Brasil, sua utilização foi muito restrita às Forças Armadas. Nos anos 60 e 70, o infravermelho chegou a ser moda no meio amador. Até hoje, continua de certa forma “proibido”, uma vez que não há demanda nem interesse na sua comercialização. Desde o início do século XXI, e com a popularização das câmeras digitais, observamos alguns fotógrafos, digamos, experimentais, dedicarem maior atenção para esse objetivo. Ou seja, captar imagens em infravermelho a partir de câmeras digitais. Formado em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Romulo Lubachesky é um dos pioneiros no Brasil na obtenção de fotografias infravermelho com câmera fotográfica digital, sendo essa sua especialidade. Atualmente, é professor dos cursos Fotografia Digital e Infrared , na escola de fotografia Câmera Viajante. E é sobre esse último, fotografia digital com radiação infravermelha, a reportagem a seguir. Confira. Captação Para conseguir obter suas fotografias utilizando a técnica de infravermelho, Romulo teve que - literalmente - colocar a mão na massa. De acordo com ele, "as imagens em infravermelho com câmara digital normalmente retratam paisagens ou objetos imóveis”; isso porque, “as câmaras comuns dificilmente permitem tempos de exposição necessários para capturar a imagem de uma pessoa ou qualquer coisa que tenha movimento”. Depois de muito quebrar a cabeça para resolver este problema, o fotógrafo converteu sua câmera DSLR Nikon D70 numa câmara apenas para infravermelho. “Chamo de Nikon D70r”, completa Romulo. O procedimento foi feito em duas etapas: Substituição do filtro Romulo teve que substituir o filtro Hot Mirror, que fica na frente do sensor da câmara, por um filtro infravermelho, resultando em fotos sempre em infravermelho. "Este procedimento é reversível, mas - como é necessário desmontar a câmara para fazê-lo - é melhor manter a câmara convertida”, afirma o fotografo. Na sua câmera, Romulo substituiu pelo filtro Hoya R72, por ser o mais versátil. Para ele, “este permite que uma pequena parte do espectro visível correspondente ao vermelho passe, tornando possível a captação das imagens com várias cores”. “Usando um balanço de branco pré-definido a D70r deixa o céu limpo com uma cor castanho alaranjado e a vegetação azul claro - esta diferença é indispensável para chegar aos melhores resultados nas fotos”, completa o fotógrafo. Ajuste do foco Além de converter a câmara e ajustar as suas configurações, é necessário recalibrar o foco. Isto porque “os comprimentos de onda do infravermelho têm uma refração diferente nas objetivas, fazendo com que o plano de foco fique deslocado. Este ajuste no foco deve ser feito para objetivas que serão usadas especificamente para infravermelho e normalmente muda de uma objetiva para outra”, explica Romulo. “A câmara D70r está calibrada para fazer autofoco com as lentes Nikkor AF 20 mm f2.8 D e Nikkor AF 50 mm f1.8 D. Com essas lente é possível fazer focos usando a abertura máxima apesar de ser recomendável fechar o diafragma um ou dois pontos de luz a fim de ampliar a profundidade de campo garantindo que o foco fique correto”.
Resultado “A primeira coisa que se percebe numa foto em infravermelho de uma pessoa é o aspecto aveludado da pele, isso acontece porque o infravermelho atravessa as primeiras camadas da epiderme, apagando inclusive pequenas marcas. Esta característica também é responsável por outro efeito bastante interessante já explorado há muito tempo na medicina, principalmente em pessoas de pele mais claras as veias costumam ficar muito ressaltadas. Os cabelos ficam com tons de azul, seguindo as cores no visível, ou seja, cabelos escuros resultam em tons escuros de azul e cabelos loiros aparecem com tons de azul mais claro. O mesmo acontece com os olhos, a íris fica muito mais brilhante e a pupila totalmente preta. Pele mais fina como a dos lábios ou das pontas dos dedos ficam com um tom mais amarelado ou avermelhado. Todas essas diferenças de tons e cores podem ser exploradas em softwares de edição como Photoshop a fim de aumentar o contraste e ressaltar as características. As fotografias em infravermelho deixam as pessoas e o ambiente com uma atmosfera de suspense e sonho, onde detalhes são suprimidos para o realce de novas, e até então desconhecidas, cores e formas. O uso desta técnica é muito interessante, expande horizontes de novas possibilidades a ser exploradas”, descreve Romulo em seu artigo Fotografia em infra , publicado na revista Super Foto Prática (Lisboa, Portugal). Mercado Para os interessados em mais essa possibilidade da fotografia digital, a nova câmera Finepix IS-1, da Fujifilm, já faz fotos com raios infravermelhos. A câmera tem zoom de 28- 300 mm , sensibilidade até ISO 1 600 (para luz visível) e sensor de 9 megapixels. Segundo a Fujifilm, ela trabalha com luz de 400 a 900 nanômetros. O fotógrafo pode acoplar filtros à objetiva para bloquear a luz visível ou, o contrário, impedir a captação de infravermelho. A câmera é voltada principalmente para aplicações médicas, científicas e de investigação policial. Nelas, a foto com luz infravermelha possibilita evidenciar detalhes que não aparecem na fotografia comum. Seres vivos e objetos que emitem calor, por exemplo, aparecem em destaque nesse tipo de foto. Essa é a segunda câmera digital com sensibilidade ao infravermelho que a Fujifilm fabrica. A primeira foi a Finepix S3 Pro UVIR, que agora está sendo substituída pela IS-1. Nos Estados Unidos, o preço sugerido da IS-1 é 899 dólares. Não há, por enquanto, previsão de lançamento no Brasil. | ||||
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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
O infravermelho na era da fotografia digital
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